Há perdas que não levam apenas uma pessoa — elas levam também um pedaço de nós.
Quando alguém que era "tudo" se vai, a dor da ausência física é apenas o começo. É como se o chão que pisamos se abrisse e levasse consigo os papéis que representávamos, as rotinas que tínhamos e a imagem de quem éramos.
O luto, então, deixa de ser só saudade e se torna um processo de reconstrução da própria identidade. Pois muito do que nos define estava intimamente ligado àquele vínculo: a forma de falar, os hábitos, os planos e os sonhos que agora se tornaram solitários.
🌙 Perguntas para reflexão pessoal
- 1. O que em mim continua vivo, mesmo após a partida?
R: As Lembranças são coisas que não nos podem ser tiradas facilemente, a não ser que por um mecanismo de defesa a pessoa decida bloquear.las , mas ainda assim lá estão pra sempre
- 2. Que partes da minha identidade eram compartilhadas e que partes são só minhas?
R: Muitas vezes, compartilhamos mais do que pensamos: são os hábitos e costumes que nos unem. Com a família, além da genética, temos jeitos parecidos. Com os amigos, acabamos por adquirir costumes, tradições, segredos ou até mesmo a forma de nos comportar. Conviver com outras pessoas nos molda de maneiras que nem sempre percebemos. Por isso a teimosia e persistência são as partes compartilhadas
A nossa essência é aquilo que flui do coração, pois não há como esconder quem realmente somos. É por isso que partes de mim são a gratidão, a força e a decisão de manter a alegria, mesmo quando a vida não parece ter motivos para sorrir.
- Há algo novo que posso cultivar para honrar a memória de quem se foi?
R: Aprendi que a liberdade de expressar meus sentimentos sem culpa é uma forma de honrar quem já se foi. E, para honrá-lo de verdade, a melhor maneira é me permitir viver, mesmo sem a presença dessa pessoa.
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- 4. Como posso me permitir existir, sem sentir que estou “traindo” a lembrança?
R: pode DOER admitir, mas o primeiro passo é aceitar que essa pessoa se foi e não irá voltar e que Você ainda esta vivo e precisa se levantar.
Eclesiastes 9:5-6
"Pois os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tão pouco têm ele recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio, e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol."
- 5. Que histórias quero carregar comigo como raiz, e quais posso deixar ir para florescer de novo?
R: Não me prendo a uma única história sobre as pessoas que perdi. Cada uma delas, com seus momentos bons e ruins, me trouxe uma lição valiosa e, acima de tudo, o presente de boas risadas.
- 6. De que forma posso cuidar de mim nesse processo de reconstrução?
R: Aceite a perda. Se você não consegue se reerguer, admita. Procure ajuda, se necessário, e saiba que está tudo bem. Não somos fortes o tempo todo, nem todos os dias.
William Worden lembra que:
“O luto não é algo de que se ‘recupera’, mas algo com que se aprende a viver e integrar à própria vida.”
Reconstruir-se não é apagar o passado. É, na verdade, aprender a se enxergar novamente: inteiro(a), apesar das cicatrizes. A ausência da pessoa amada jamais deixará de doer, mas aos poucos, é possível reencontrar o próprio reflexo, sem perder de vista tudo o que foi vivido. Afinal, a identidade também se constrói de amor e memórias — e nada pode nos roubar isso.
Com Carinho
Valquíria
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