Uma pergunta que Sinara Neiva de Almeida coloca as famílias que abandonam os idosos em asilos é “E se fosse comigo?” – ela é natural de Divinópolis (MG), Brasil, cuidadora de idosos.
A resposta para esta pergunta é: “ame o teu próximo como a ti mesmo, este é o mandamento maior que recomenda o amor ao próximo, a empatia e a caridade”.
Apesar de a pandemia da covid-19 impor a proximidade entre pessoas, Sinara não se inibe de cuidar de quem precisa. Tudo começou numa altura em que fazia visitas e doações a asilos que enfrentavam dificuldades financeiras, sentiu carência de amor aos idosos, resolveu fazer o curso de cuidadora de idosos para cumprir com a sua acção de responsabilidade social.
“Isso sempre mexeu comigo, eram e são muitos idosos que são deixados de lado pelas famílias, sem visitas. Entristecida, às vezes eu saía dos asilos chorando. Nós, como cuidadores de idosos, aprendemos a lidar e cuidar dos idosos com muito carinho e amor”, ovacionou.
“Hoje com tantas dificuldades nos relacionamentos das famílias, eles ficam quase abandonados, sem carinho, atenção e alguns são maltratados. Acabam se isolando e chegam até à depressão”, continuou ao sublinhar que os cuidados a se ter com os idosos nesta fase da covid-19.
“Os cuidados que devemos ter com os nossos queridos idosos nesta fase da pandemia são: - evitar sair de casa, cuidar na higiene física do idoso, ter sempre acompanhamento médico mensal, para fazer exames rotineiros evitando assim possíveis doenças oportunistas, cuidar de uma alimentação saudável, com vitaminas, cereais, frutas e carnes brancas como, por exemplo, peixe e carne de frango. Dar atenção ao idoso, eles precisam de carinho nesta fase de isolamento, um telefonema, ou, se for possível, visitar com todo cuidado de prevenção (máscaras, luvas e álcool em gel)”, explicou.
Por outro lado, Sinara aponta que as maiores dificuldades são de natureza humana, o que considera ser de responsabilidade conjunta, a começar pela “falta de empatia dos familiares”
“Às vezes, as famílias não se entregam e ajudam o que nós como cuidadores fazemos. Se estamos cuidando de um idoso temos total responsabilidade com o trabalho e o que vejo nos plantões que dei nos asilos e em casas particulares, é a falta de atenção e respeito com os idosos e connosco. Falta de compromisso com horários e confiança, quando expomos à falta de afecto e carência dos filhos com os pais. Temos que passar sempre para as famílias dos idosos o que eles sentem. O que mais falta para os idosos é a família que sempre empurra um para o outro a responsabilidade de filhos que fogem, com desculpa de não ter tempo para eles”, lamentou.
“Eu sofro com isso, vejo idosos chorarem querendo ver os filhos e eles não têm tempo para os pais. E também à remuneração não acompanha o valor certo com o qual devemos receber. Mas faço tudo com muito amor e carinho, independente de valores. Fiz um juramento de amar e cuidar de meus idosos com muita responsabilidade”, desabafou.
Entretanto, “apelo os filhos a olhem para os idosos como se fossem vocês. Um dia a velhice chega, independente de quem seja o ser humano, temos o tempo de nascer, ser crianças, adolescentes, jovens, adultos e chegaremos à fase de idosos, se for da vontade de Deus. Então, vamos cuidar de nossos queridos idosos que têm legados de muitos valores para nos ensinar. E sempre vivam à vida com essa frase - E se fosse comigo?”
Sinara é uma mulher divorciada, sempre lutou pelos seus interesses e para sustentar seus filhos. Foi dona de uma empresa, quebrou, mas não parou. Correu atrás de novos caminhos como cuidadora de idosos, função que exerce até hoje.
“Já passei muitas dificuldades na minha vida, fui até o fundo do poço, mas nunca desisti. Quero fazer enfermagem e massagem, para cuidar melhor de meus Idosos.
Gosto da natureza, adoro ajudar as pessoas necessitadas. Tenho um coração doador, cheio de amor para dar a quem precisa de carinho”, comentou..